NA LEITURA DAS FOLHAS
A minha voz atravessa-me do princípio ao fim
Todo, antes de sair derradeira pela boca vulcânica
É lava do fundo, incandescente génese genital
Capaz de converter o múrmur do figo maduro
Silente síntese imediata entre o mel e o leite
Nos teus lábios de gritar sem o estridor da fé
Mas determinada na simbiose da sicomancia.
Grotescos, deveras grotescos, apenas o beijos por dar
Os que não soubemos aconchegar na seda dos lábios.
O SICOFANTA
Que é isso, da voz dos bojudos e redondos cântaros
Quando cheios de água até ao cimo da boca
Rogando pelo poeta, bardo ou aedo sicofanta
E suas palavras que lhe denunciem os figos
O granulado mel entrevisto no imo liquefeito
Húmus, adubo do prazer na transparência
Cristalina profundidade que assusta o olhar
Se em vertigem atirado ao interior de seu ventre?
É a frescura boreal quem melhor contrabandeia
O fruto doce e aveludado sob as folhas escondido
Verdes rugosas e felpudas, ásperas e combatentes
De tuas vestes e mantos de queda de água, na catarata
Com que te resguardas de mim, estorninho gritante.
Devias sabê-lo desde o início, como lei da Lei.
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