A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

terça-feira, abril 27, 2010

Estrela do Verbo Alado

A cadência da batida do tear dispõe
Enquanto vestes o tempo de flores coroadas
Marca o ritmo da consciência compõe
A sopesar, a transferir as cores bordadas
Para o horizonte que se quer distanciar…


Cresceste-me como um ventre inaugural
A redoma do destino na imensidão da planície
A lente de alvorar à estrela incondicional
Afinal a heurística desse sempre que nos inicie
Como se cada passo fosse o derradeiro primeiro passo
Cada voz a incontornável revelação de sermos sós
Cada laço lasso a única maneira de darmos nós
Cada nó a distância feita atreita à curva do compasso
No desembaraço do balanço redondo da redoma plural.



Havia de dizer-te entre as folhas
Como luz esgarçada saltitante
A bailar na sofreguidão da tarde
Que conforme no verbo me recolhas
Assim perecerá a sombra distante
Deste Sol que por nós em nós arde!

quinta-feira, abril 22, 2010

Terceiro Passo



A minha casa tem sete portas
Todas abertas de par em par,
Aquelas em que o Sol não entra
É porque estão viradas prò Luar.




No átrio, o relógio dá horas certas
Excepto quando são dez pràs duas
Que aí, escrito em círculos e rectas
Nas minhas teias e veias secretas
Apenas pulsa o sangue das tuas…



Ao ritmo binário deste solfejo
Cuja clave nasce quando te vejo
Ou se rodas a chave para entrar:
Na boca, o sorriso da rosa num beijo
E nas mãos, a SimpleS carícia do ficar.

terça-feira, abril 20, 2010

Segundo Passo


Se neste incréu ser
Só creio que quero e crio
Quando aos nossos nomes afio
Entre as aparas do saber
Arroteando as ondas do mar gentio...
Então, é a crescer que alivio
Tão-somente a sorte da semente
Por cuja morte se arriscou deitar flor!

Porém, se no chão semeio ou abro reduto
Dito ao céu meu verbo incoerente
Faço o sapiens do habilis astuto
Apago os elos da eriçada flama
Como quem transpõe as Portas do Ocidente,
E atesta seu dardo no fugaz fulgor
Das cores abertas à divindade humana.


Porque ao (pro)pôr-me assim, equacionado labor
Produzo e me reduzo e igualo à solar chama
Como quem se transforma em afecto ou calor
Terno e buscado asilo em que se torna
A jorna, de quem afinal só por amador trai a sepultura
Transformado que foi o obrador em obra pura
Tal como outrora acontecera ao criador
– Pela criatura...



Que eis da palavra em si mesma reflorida
Nasce o gesto que a lusa língua lavra
Na descida do seio ao ventre sulcando se destrava
Em lava própria de sarar a humana ferida!

quinta-feira, abril 15, 2010

Primeiro Passo



Dá-me, da madrugada
Teu corpo aceso,
Que na alma pungente
A escalada urgente
Te socalca a chegada
Do desejo indefeso
Como em fito esguio
Viés sinuoso mas sem desvio,
Enleio riscado no rasto da estrada
Em vulcânicos eSSeS dessa serpente
Incêndio sibilado a silvar na terra de teu rio,
Catarata fervente vertida
Sobre as colinas do dorso e seios
Cadinho, labareda e delta da vida
Da qual sois meus fins, motivos e meios.

Xis de cruzar todos os Ocidentes
Ao desmaiado estertor
Que dizer é ouvir, gritar
É subir, descer, partir é chegar
Abraçar é voar nas correntes
Em combustão de lava na luz e fulgor
Entre sonhos incandescentes
A nadar no fogo do ar que nos respira
Nos retém e resvala, ata, solda, cala e vira
E tudo isso junto, enfim
Tenho para mim, que é apenas amor!