A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

sexta-feira, junho 27, 2008

Secretas Alianças Redobram Audácias

Dêem-me só mais um dia de solidão sólida líquida e profunda
E eu dar-vos-ei em troca a obra quase explícita circular rotunda
Deitado oito de ver o longínquo futuro emergente a cada aurora
Quase a eclodir como se fosse o nosso túnel de viver renascendo
A vertigem de ir ainda além da curva oblíqua do ser sem desânimo
Os frondosos arbustos onde se mexem máscaras fantasmagóricas
Forçadas ao exílio com que cada qual se vai prometendo na noite
Ou no canto absurdo de um embriagado camponês de passagem
Casual na cidade as esquinas pintadas com nomes supérfluos
Esquecidos e lembrados somos sempre que dobramos mais um cabo
As velas audazes a convocarem mais redondos ventres nos ventos
Mais uma boca, mais uma doca, mais um sonho e um sorriso doce
A erguer-nos na tarde tranquila mas sem hirtos e medievos padrões
Apenas lábios aflorando a cal de teu terno rosto de rosa branca
Adornado marfim da existência na porcelana real pelos salões
Onde vogam caravelas ao sabor de inocências várias gentilezas
Sim, são adjectivos, são rótulos nas garrafas mensageiras, símiles
Sem nada dentro te procuro ânsia de uma inscrição a fogo perpétuo
Violeta voadora num papel o inscrito significado da minha loucura
O incontido ardil de buscar a solidão profunda das águas mornas
No segredo manso todos somos iguais e preferidos da causa única
Diferente só o sol o é dito Arina sua deusa e véu de treze plumas
Cabelos libertos acompanhamo-nos e surges tu que és madrugada
Hálito ainda fumegante e húmido o olhar do último grito aos céus
A voz que se equilibra na corda entre o sonho e realidade teus seios
O equino das coxas vibrado rigor do (com)passo que marca o tempo
Uma torrada e sumo de laranja à espera na mesa de xadrez atoalhada
A marquise aberta para os primeiros pássaros, primeiros ritos e voos
Tão desprendidos os seus cantos te esperam nas brisas pétalas mansas
Enrolada sobre ti a toalha de banho insiste em desvendar os ombros
Mostrá-los polidos e níveos e rosáceos ao amanhecer dos sonhos
Escorrendo diurnos a noite na seiva túmida de soletrar teu nome
Que só quando o deslaço me nele desenrolo em sustenido abraço
Descruzo audaz destemida jus onde és tu Sempre tu A Repetir A luz.

Crê na entrega: estamos prontos, sabemos discernir as palavras gesto.
Quantas vezes aguardámos este momento cruel de acender as mãos?
Quantos se descobriram ao acordar tão simples como o chilrear do dia?
Só que ainda não estás sentada cruzando o jeito das marés sem retorno
Polegar e indicador segurando a torrada morna das searas férteis
O sangue da laranja escorrendo sobre meu peito a esperar-te convexo
O copo repleto de tua boca tão próxima e exígua onde me bebo e sorvo
Num grito cintilante da eternidade sob o eco cristalino das estrelas...


Que é em ti que flameja o nome: sou eu quem nele arde e se consome!

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