A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

sábado, junho 28, 2008

Poema do Inviável

Inviável...
É quando um dia matar o amor que te tenho, por descrido
E houver o fugaz rasgar da memória numa imagem lacada
Pedacinhos de visão confluindo no caixote do tempo, caído
A desorganização de teu rosto inadiável por sulcos gretada...

É quando a voz rouca se arrastar colérica tecendo insultos
E invadir a cidade como um guincho de soletração vociferada
Entre os choros das crianças e as proferidas iras dos adultos
Numa promessa de esperança fedorenta quase morte consumada
Pelo carpir de nossos corpos desencontrados na voz dilacerada.

Como inviável é outro sentimento qualquer senão o nado destino
Cujo mister encerra a entrega total do homem à sua mulher
O deita no seu colo, lhe atura tudo, incluindo o maior desatino
Se acaso ele se enrede como nenhum outro velho menino
Que na ânsia perdeu o tino e já mal sabe o que da vida quer.

Porém, coisa inviável, é também
Esquecer teus olhos ou incrustá-los, por desdém
Noutros rostos, noutros seres vivos ou mais alguém
Ainda que ao vê-la, essa, esse outro ser, não se saiba bem
Do carisma e perfeição constatada, se é deusa, estrela ou mulher,
Pois que amar-te é um quase nada
Que põe em ti a grande diferença desejada,
Te eleva sobre todo o mundo, tenha ou dele se diga
Em toda a mulher igual rapariga,
Que ao gabá-la, dela mais alto suba e louvor consiga
Propalando dons dizendo de mais, no que se disser...

Porque até pode ser que a vida tenha
Ainda mil segredos para me contar,
Que nenhum haverá, que me convenha
Além do escondido no teu olhar!

Sem comentários: