COM O CINZEL DA VOZ…
Se é pura sede a seda doce e quenteDesta luz que me inebria e acalenta
Então, o gesto sublime de ser gente
Está neste voo livre que nos sustenta
Como asas sobre a sela bem diferente:
Essa forma gizada que o cinzel assenta
Feito lápis para um esquisso aferente
Da linha nobre que só Érato alimenta…
É do granito, mas muito que ele, é do grito
Da pedra rude nas crinas se o vento agita…
Que nesta vida apenas se ilude pelo mito
Quem da voz escuta somente a pedra aflita,
A pronúncia imutável, alvo mármore ou negro xisto
Pelouro de ladrão, assassino ou mártir Cristo!
(Ilustração: escultura do mestre canteiro de Gáfete, Viriato Mafaldo)
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