NA LUZ DA FALA

Acorda-me a voz sob a chama da alma plena
Que dita fala é a língua do sangue aceso ímpar
Labareda que ao sigilo ledo da lira subtil e serena
Ondula seu corpo de ave à solta num breve esgar…
É esse o suplício de quem ao amor todo se entrega
Sem o receio do voo ante o senil tédio da sede amena;
Que o grito é mais forte que a voz que ao medo prega
Como virtude e o esperar como lide de alor suprema.
Não, não quero esquecer dos sentimentos a pura chama
Nem de meus afetos o enleio sequioso, íntimo e intenso…
Quero lê-los com a pronúncia declarada de quem muito ama
E a sofreguidão de quem se dá, que tanto, ao dar me pertenço
Feito aceso consumido, que a luz é água na cascata da vida
Onde me bebo e bebes pela fala duma língua apenas querida!
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