A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

terça-feira, julho 01, 2008

Arte de Regressar Ao Sonho

Procuro os nossos filhos, ouço-os no corredor, em tropel
Sabendo-se poemas tão desatentos todo o cuidado é pouco
Para ressalvar-lhe a voz, não deixá-los tropeçar no cordel
Escorregar pelas escadas de sermos a espiral do pião louco
Aquele que desliza e lhe sabe dos olhos o seu travo de mel
O cotão da camisa, gestos de abrir as mãos sorrindo eternidade.

Procuro os nossos sonhos, escuto-os já quando respiras, serena
E tento quedar-me retendo-me na memória do preferir agora
Mesmo que houvesse chuva a fustigar e relâmpagos lá fora
Que ao acenderem-se nos apagassem dos ledos lábios a amena
Sofreguidão eléctrica em descer nas esquinas dos corpos crus
Sob o contínuo procurarem-se na ambiguidade dos trovões nus.

Procuro os nossos dedos, enxerto-os de flor, em rosa branca
Moldo-os tornando-os a voz do barro, bíblica argila e cuidados
A curva de teu nome a espraiar-se espuma ágil na líquida anca
E assim os deponho sobre a nuca de estreitar abraços apertados
No requerer dos lábios a proferirem-nos promessa de liberdade.

Porquanto nela os soubeste inventar traduzindo o sonho em voo
Como se da vida, se cumprida, nascesse directa a sã qualidade
E dela nada mais contasse, de tudo o que tenho, o quanto sou
E que sendo-o, para ser supremo, é ser só teu, em toda a verdade!

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