A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

quarta-feira, outubro 28, 2009

“Gracias a la vida que me ha dado tanto/ Me ha dado la risa y me ha dado el llanto/ Así yo distingo dicha de quebranto/ Los dos materiales que forman mi canto/ Y el canto de ustedes que es el mismo canto/ Y el canto de todos que es mi propio canto”. (Mercedes Sosa)


Creio que ainda és todas as palavras por proferir,
Metáforas selvagens esquecidas no ocaso da bruma.
As imagens murmuradas de salivar a noite consentida.
Os poemas perdidos nos teus cabelos de searas a serpentear.
Os gestos soltos decididos de quem sabe o que é querer.
As colinas dos seios a eclodir maduras na planície do peito.
O sorriso de espiga silvestre a baloiçar primaveras.
Os dedos imperiosos de medir infinitos na sofreguidão dos corpos.
As colunas das pernas sustentando o átrio do templo da vida
Em que ajoelhado me deponho num beijo de sonho e semente
E me ergo na rebentação de todos os desejos por dizer.

Se partes sempre como outra onda esquecendo a espuma
Dos dias em que olhos nos olhos nos dissemos de frente,
Sob o vaivém semanal das andorinhas que se tornam gente,
Sombras negras de cantar o romance em qualquer tuna.

E para trás fico eu a procurar-te na distância cruel.
A pedir a Deus que abrevie esta elipse de marcar a quente
Que faz de cada hora uma obreira abelha diligente
A encher os cálices minutos de meu ser em favo de fel...

A gritar protestos mudos e parados no desespero da colmeia;
O meu quarto feito inferno que só tua ausência incendeia.


"Quem é essa que desponta a Aurora,

Bela como a Lua,

Fulgurante como o Sol,

Terrível como as coisas grandiosas?"

(Cântico dos Cânticos, 6,10)

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