Cornucópia Sigilosa
Inclui minha prece no teu sonho de mar e solE escuta o respirar dos búzios nos meus olhos
Entre as frondes de seda a pingar como vimes
O silêncio sob as ramadas pendentes, a sombra
Fresca, aquele parêntesis entre o chão e o (in)finito.
Mas não desmaies na acutilância dos símbolos, nunca
Inequívocos e sonoros rompem significados adiante
Rasgam a dor como a solidão ou a verve ostracizada
Reinventam as cores dos universos mais distantes
Apuram no alambique dos sentidos o paladar de dizer
Dialecto dos deuses transversais à humanidade acesa.
As liras e as harpas conhecem-lhe a dedilhada traduçãoAs flautas já lá andaram perto por tão bucólicas serem
Porém a esconderem-se pastoris nas clareiras dos bosques
Nos romances de outrora cujas pastoras os enfeitiçaram
Regatos cristalinos a descerem na sede dos altos degelos…
Anda-me a alma neste somenos da Psique enamorada
Que isso, de ser Mariana se cumpre de qualquer maneira
Escuta… Eu venho de muito longe
Que nisso do rasgar primaveril
Andava eu morrendo por tão pouco ver-te,
E assim, apareces na tarde que me amanhece
Havia naquela sombra o não haver do gesto,
Tu como poema, eu como apagada e crua prosa.
Acontece sempre que a cor se oculta
Sob o contorcido sobreiro, junto à carreteira