Tronco Humano

Nessa pedra de ângulos gastos pela sombra
Onde os cigarros avulso se dissipam no estio
Fumo agora as imagens recordadas desse rio.
E ponho o ar sisudo da solenidade na dobra
Dessa esquina que o tempo tornou seteira…
Será que aquele ali, sentado, sou eu a fumar?
A raiva escondida, ardendo pouco a pouco
Que em cada trago me ata ao tronco louco
E só, contorcido com a cortiça ainda por tirar?
Não; não pode ser! Eu era muito diferente
E rebelde, pronto para ferir, a língua afiada
A pedra sempre no bolso, a funda no cinto
Dependurada pelos elásticos, aí pendente
Elásticos esticados pelo que agora sinto
Me apresto entretanto a mais uma pedrada.
Tenho que ser breve, contundente e certeiro.
Não se podem desperdiçar palavras, ou dizer
Apenas por dizer. Nada disso. Dizer é preciso.
Nada de salamaleques ou de quer-me parecer.
É proferir na língua o homem pronto e inteiro
Que cabe num verbo do tamanho de seu sorriso!
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