SILHUETA NO NEVOEIRO
Vejo-te, a subir, na avenida
Esguia, falando ao telemóvel,
E as galochas brilham na lida
De tornar o destino possível.
Assertiva, de cabeça inclinada
Parece discutires com alguém;
Todavia, pla firmeza da passada
Pressinto estar tudo muito bem.
Umas vezes soletras, ergues a voz,
Repetes, reiteras determinada;
Outras, anuis quase calada
Como quando estávamos sós.
Com quem estarás a falar assim?
Creio ouvir o que dizes, distante
Do terraço alto, ser dissonante
Perante o ver-te, sem me veres a mim!
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