A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

sábado, abril 26, 2008

Arina Respira Aqui Sofregamente

Escrevi-te. A transfusão de fantasmas
Imediata é a tua presença quando me lês
E contudo ausente a voz quase sempre
Trago comigo a infância do esquecimento
E por esquecer é outro o verbo que se diz.

É total o amor que se refaz na escrita corpo
Nada daquilo que não presta se retém em mim
E tu de tão perto respiras, ofegas em sustenido
Sentida ingratidão dum amanhã sim estarei
Contigo frente à fonte o mais escorre como água...

Que o rio que escolhe a foz não abusa das margens
Desmargina-me da tortura da contenção diária
Espelha a sombra de pensar-te ilimitada em mim.

São avaros os meus olhos que te saqueiam
É a contornar os flancos que se aflora a seiva
Um corpo é uma flor que se perpetua verde hera
Nas pétalas da boca o sulco doce de tua língua.

E na devoração do ideal incandescente sequioso
O sangue a descobrir labaredas as faces níveas
Da boca entreaberta a gritar planícies de estevas
O dilatar das pupilas até descaberem-me os olhos
Os dedos trementes percorrendo a polpa de teu colo
O interior das coxas que se afastam sôfregas
As mãos naufragando sob a tensa e terna pressão
A febre intransigente dos dedos sobre o gomo túmido
A anelar fricção de descobrir o fogo inflamável verbo
A ânsia do corpo imaginado pleno na plana dimensão
Apertada ausência entre braços que libertam abraçando
A contracção do grito abre os lábios para os céus
Contornos próprios de suster silêncio e morder o sonho
Sulca a garganta no equino suspiro de cavalgar a noite.

Depois, depois a percepção do canto caótico nas ogivas
Góticas as janelas no vidro de existir entre barrocos vitrais
A árvore em frente com seus pássaros maduros coloridos
Plumas cujo chilreio esvoaça dentro de mim periclitante
Debica a saudade de teus olhos, colibris clandestinos.

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