Respirar em Sustenido
É difícil não te abordar
Com o sucumbido olhar desmedido
Dos jograis,
Rendido até doer
De não poder suportar mais.
É difícil corresponder com a voz imediata
Estar na posse do constante em partir
Bilhete de saída e contudo ficar quedo;
É difícil esconder as mãos dos olhos
Ficar atento à próxima esquina
E esquecer o futuro que se aproxima.
É difícil corrigir o leito dos rios
Rasgar janelas nas muralhas da manhã
Dizer "bom dia, Sol", segar a luz
Pretendendo ter feito apenas nada
Ou nada ter dito e gerar sismos de lã
Simples abalos nos corações vazios.
É difícil a calma sorridente do teu esgar
O semicerrado das pálpebras no prazer
O olhar que vicia em querer adivinhar
Sem desejar ser o segredo que estão a esconder,
Sem desejar ser a chave dos vermelhos ladrilhos
Em que os ombros te descansam e entalhas
Os seios se suspeitam sob as riscadas malhas
O pescoço resguarda a voz para novos trilhos.
É difícil não querer soltar os cabelos
Libertá-los da rubra e negra bandelette,
Moldá-los em abandonados novelos
Sobre o quadriculado chão que os repete.
É difícil não quedar-me ceifado
Sob o sorriso ao sol expelido,
Sem querer ser o raio iluminado
Que asperge o rosto de vítreo sentido.
É difícil tão-só respirar, com receio
De apagar com a surpresa o enleio
A mágica valsa entre a luz e o parêntesis lido
Para te adornar em onda, o pulsar sustenido.
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