Alvos Reflexos Aspergem-me Silentes
Poderemos nós resistir por mais quantas eras
Estações onde o acontecimento único são teus saltos
Altos batendo à porta entreaberta para o corredor
A tua alva mão pousada sobre a maçaneta da porta
Cachos de castanhos anéis descaídos da nuca
O traço felino do olhar que perscruta a penumbra
Os dedos hábeis acariciando sonhos e esquecimento
No afago do sorriso enigmático e periclitante
A camisa transparente de noite brilha nos contornos
A visão de teu corpo a escorregar desde os ombros...
Poderemos nós resistir à ânsia de gritar o silêncio
Deixar de beijar-te toda como faz o sol matutino
Não permitir a língua bandeirante aflorar cada poro
A púbica sombra num triângulo de carícia e verbo
O bago doce no recôndito lóbulo de tuas orelhas
O felino dorso prestes a desferir o salto detonador
Ombros e seios de polido mármore rompendo o tempo
A planície do ventre alqueivando a posse e a sede
Repletos gestos frementes de abraçar o teu nome
Todo, apertado, jungido ao meu até não caber mais
Incandescente e rubro de fogo na fusão do ser.
– É esta a órbita do silêncio de meus gritos à deriva
Uivo na galáxia de estrelas cintilantes do teu olhar!
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