A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

segunda-feira, maio 05, 2008

e- moções íntimas

Dizem que há um rosáceo espaço qualquer entre o aqui
E o agora, que é um produto copulativo mas desconheço
Até que ponto isso é verdade, cruel apenas sei, sei sim
Entre mim e ti há um e- que anula a sofrida distância
Que liga dois seres e os aperta em laço de afim recomeço
E a maior importância é mereceres-me tu quanto eu te mereço.

Portanto, diz-me de vez quantos pensaram
São mortíferos os teus olhos despidos
A mágoa para ao canto sem nada fazer
Abrir das pálpebras ao cristalino arco-íris
O cintilar acutilante das pupilas
O ruborescer das faces sedosas
A tumescência da flor dos lábios
A cascata esticada dos cabelos
Sombreados no desmansinho da voz
As arcadas desenhando incerta nitidez
Meiga solução para a surpresa de ser
Assim dançando à beira de um abismo
O infinito e secreto caminho de sorrir
E voltara ti em mergulho e salto imortal.

Portanto, diz-me de vez quantos voaram
Há insectos rodeando cada luz mais
É cisma saber a sombra do desejo
Aberto sou em perpetuar-te o grito
Ansiar esculpir no útero do amanhã
O sonho a expulsar o medo, a dúvida
Ousar-te expelente e equina e exigente
O corpo incontido na explosão da voz
O gesto de voar no grito da nova aurora
Albatroz de proferir o íntimo elixir
Silêncio a espraiar-se nuvem sobre azuis
Janelas que se desdobram infinitamente.

Portanto, diz-me de vez quantos caíram
São vestidos o que vejo a teus pés?
São cadáveres os nylons estampados?
Mesmo à porta a alcatifa manchada
A garrafa de champanhe abandonou-se
Ouviu-se um riso selvático e felino
Amanhecia, as cortinas baloiçavam
Tremeluzentes as réstias das estrelas
Esmoreciam mas crepitavam promessas
Havia imensas promessas a nascer
A infância era garrafa desarrolhada
O incendido vapor que se espraia
Incandescente a cama respira ainda
O lânguido abrir as coxas sob o olhar
Atento suspendo o tempo e eternizo
O instante atravessa o passado rasga
Penetra o futuro como lâmina mágica
Só aqui se traduz em luminoso agora
Se repete e repete em repetido voo
Ceifa reflexos nos mortiços brilhos
Lacrimeja cometas à suspensão do breu
Solicita os murmúrios que calada grita
Ambígua nos soletra e exorciza ímpia.

Portanto, diz-me de vez quantos voltaram
Do fundo mar ecoam címbalos e trombetas
Toques de à carga em líquidas campanhas
Trocadas foram elas ingratas estridentes
Vorazes me usufruíram o contínuo esperar
Os sustos são besouros orlando as flores
Lábios de mel se entreabrem as pétalas
Conquanto sejas eterna sobre a colcha
O franjado dos sonhos à volta do corpo
A boca recolhendo uvas cristalinas
Gotas de orvalho do cacho de teus cabelos
A dobrar-me num beijo sobre ti deposto
Mosto a fermentar a seiva cola inseparável
Num antes de partir voltarei aficar – de vez.

Havia um espaço e- quase copulativo entre o aqui
E agora há nossas mãos dadas no voo de um colibri
Que nos beija e acorda no esvoaçar que aflora!

Sem comentários: