Instante Gótico
Desce devagar, rés ao silêncio na exígua voz
As vestes ondeando, cabelo lançado para trás
Voando, o sorriso compassado ao andar direito
A simplicidade é receita do equilíbrio ancestral.
Desce devagar a sinuosa via, íngreme colina de nós
Como se ambos fôssemos, na ânsia de ser capaz
O gesto ao ritmo do bater interno no totem do peito
A invenção pretérita do mais-que-fogo, alerta e sinal.
E ao descer assim, sem ilusão, escusa o fingimento
Escusa o submergir sob as redomas da crua defesa
Com o aval de pagar esquecer com o esquecimento.
Escusa a caveira do que não fomos, tange talvez
A pintura de uma campa, com uma só vela acesa
Porque o amor gritou seu brilho nesse entremez!
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