AS MÃOS
De quanta esperança florida aqui se faz crónica
És a minha semântica, a minha rima e a minha tónica.
Teus dedos são o decassílabo da minha inocência
Mas as mãos, essas, de tão pequenas e carinhosas
São uma estrofe cujos gestos podem ser glosas
A esta minha única demência:
Beijar a tua unha curta
Sobre um tecto de salva e murta.
As mãos que mais que minhas são tuas
Podem também ser as ruas
Duma cidade por moldar... E nelas eu creio
Como se fossem satélites, luas
Utopias de sonho e enleio
De sorrir e de acenar, de pedir e de criar
O seu próprio fim, princípio e meio.
Porque embora sendo o que são
E tu não gostes delas
Se as pousares sobre o coração
Verás como são audazes
Subtis e belas
Queridas pequenas capazes
De sobre o mundo abrir novas janelas.
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