A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

sábado, fevereiro 09, 2008

OUVE QUERO DIZER-TE


Olha, ainda não disse tudo naquela tarde
De sábado, se ‘tás lembrada eu estava
No auditório central esse, enfim, teatro
Alarde de vaidades diaporamas ambientais
E tu vieste olhar compenetrado na subida
Degrau a degrau passaste e eu não soube
Porquê nem como dizer-te estou aqui ouve
Estou aqui – espero por ti – houve aqui
Hesitação não indiferença isso nunca nunca
(Os nomes são pessoas só pessoas nada mais)
Quero dizer: tu também estavas era tudo
Tudo quanto eu queria saber, sentir era isso
Era pedir ensina-me a tua terra outra, eu já estou
Esquecido de mim mas quero saber de novo o mar, o nevoeiro
As manhãs de pão quente, o fumo sobre o fumo se confunde
Matinal odor connosco a ver a ressaca da noite no despertar
Sabido dos galos que cantam à névoa dos valados os caniços
Das vinhas, das cepas, às folhas sobre a carpete de praga-má
Mas tão verde e amarela e acre vestindo o chão por amanhar
Há poesia nela como no caneco azul de abastecer o sulfatador
Como nos barretes negros de lã na cabeça dos jogadores de chinquilho
Como na descida sóbria à adega num domingo ébrio de ócio
Como o pudor das folhas das pereiras em fila protegendo o fruto
Do sol na praia o vento do grito da gaivota que fere a ilha
Do ser na indesculpável solidão dos postais ilustrados.


Ouve, eu ainda não disse tudo, espera mais um pouco
Que quero dizer-te... Senão fico hirto e seco e louco.

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