Sítio de Adorar e Remover a Ânsia
No lá do lá, onde os ninhos são da cor da esperança
E o meu coração desfolha as páginas de Camilo,
De Eça, Aquilino, Torga, Natália ou Ilse Llosa
Rendido e à mercê da mulher-princesa, mulher-criança
Menina enorme dos meus dias vagabundos sem exílio...
No lá do lá, onde e quando o verde é cor todo o ano
E as mulheres carregam o ouro da liberdade
E escolhem o amor, e amam como escolhidas,
Depositando em cada sílaba de escrever saudade
Os infinitos minutos de dizer o eco de quem chamo
Sempre no silêncio das tardes mais cumpridas
E incendiadas
E inconsumidas
E incontornadas
Porque no sentir foram sentidas
Também como horas, de recordar o desejo adiado
Na ansiedade com que apagámos o beijo calado
De quantos não dados nas tardes alentejanas
Ou das repúblicas que não implantámos
Somente porque nossos verbos anarquistas
Não ousaram dar o tiro regicida ao medo,
Alvo de sermos simplesmente livres – ou apenas segredo.
No lá do lá, onde o verde floresce, até nas canas
Nos musgos, silvedos que não regámos
Nem pedimos, há uma vivenda onde reside a esperança
Como se ela fosse mulher
Menina
Astro qualquer
Lua pequenina
Mas enorme porque germina, e é semente de criança...
Ou inocência
Que flameja numa crença.
Então lá, no lado de lá do lá,
Na estrela ou lar de ser apenas teu
Sem mais nada sob o céu
Não terei outro deus nem demais papiro ou véu
Nem outro ser a quem pertença!
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