A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras

A aventura das palavras... das palavras... as palavras... as palavras
São o chão em chamas onde as lavras

sexta-feira, novembro 06, 2009


Quando se parte somos distância que se concretiza em nós como se fosse órgão vital
Vísceras, úlcera, soro, sangue ácido a corroer-nos por dentro forjando esquecimento
Quase incandescente a soletrar-nos solidão, ponto agreste e difuso na planura do ser
Mancha de fogo na planície que abarca horizontes desencontrados, sonhos daninhos
Na monda dos riscos e das formas, intempéries de medo que assolam a seara submissa.


Não me ponhas nos gestos sentimentos que não tive nem nas noites pessoas que não houveram
Quando no silêncio das madrugadas perscruto as ansiedades de outros silêncios fugitivos
Quais felinos domésticos caçando soturnidade e mistério pela calada dos tempos pueris.


Permite apenas que perdure o suficiente para não querer morrer sem choro e voz e canto
No vegetal suspiro de ficar alerta, a palavra à flor da pele, os olhos inquietos
De pardal assustadiço espiado bebendo a água das fontes dos caçadores furtivos e implacáveis.



Tenho na boca a salinidade das ervas de uma açorda que não quis, o aroma dos poejos
Bravos, o judaico amargor no alho duma esperança amassada em alquímico almofariz.
Sou aquele que não pretende, mas pretérito conjugado por mais uma dúvida a amadurecer
Sob a brusquidão de todas as imagens apagadas, de todas as fotografias perdidas.


Cada vez que partes é de mim que te escondes, outra rocha sob a espuma das marés quotidianas
Vaivém ensurdecedor, casquinado, ósseo, terrífico, por todos os fantasmas que não foram
O sentimento de busca no abraço do vento envolvendo teu colo de planície dourada musical
Ondulante, adolescente dançarina, entregando seu ventre ao orvalho das madrugadas de Junho
Num grito de acordar universos, porque se nos mantivermos vigilantes, Deus não adormece...

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